domingo, 3 de septiembre de 2017

O florescer da voz


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Documentário “O Florescer da Voz” destaca poder de escritoras negras brasileiras


Publicado por JÉSSICA BALBINO em 21 DE JUNHO DE 2017


Diretora canadense se inspirou em cordel de Jarid Arraes e convidou Mel Duarte para o filme 
Gravado durante a passagem da cineasta canadense Jaime Leigh Gianopoulos pela América Latina, o documentário “O Florescer da Voz“, com a participação da poeta brasileira Mel Duarte será exibido, nesta sexta-feira (23), em uma escola da rede pública de ensino de São Paulo através de um circuito fechado, já que o material ainda não foi liberado ao público pela internet.
Cartaz do filme “O Florescer da Voz”, com direção de Jaime Leigh Gianopoulos
Com pouco mais de 8 minutos, o documentário relembra a história de Anastacia, filha de uma mulher africana trazida ao Brasil e escravizada no país durante a época da colonização.  O filme mostra duas mulheres – a poeta Mel Duarte e a pintora Beatriz Corradi – de hoje se tornando poderosas referências para a próxima geração de mulheres por meio da oralidade, usando a voz como uma ferramenta de transformação social e de empoderamento feminino. Durante as gravações, foram utilizados retratos de mulheres escravizadas  feitos pelo fotógrafo Albert Hensel e o filme traz a simbologia e emoção para contar estas histórias.
“Ouvi a história de Anastacia através da Jarid Arraes, uma mulher que escreve pequenos cordéis sobre as heroínas brasileiras. Eu estava interessada em ajudar a ensinar mais mulheres jovens sobre a história de mulheres poderosas e também contrastá-las com a da Mel Duarte, que acredito ser uma força poderosa de uma mulher que realmente está em pé em falando de assuntos importantes”, disse Jaime.
Cordel de Jarid Arraes inspirou o filme (foto: Reprodução)
O filme foi exibido na Califórnia (EUA), no festival Davis Feminist Film. Nesta sexta-feira (24 de junho), será exibido no festival Female Eye em Toronto, no Canadá. Paralelamente, Mel Duarte irá exibi-lo em uma escola, para o público adolescente.

“Quando eu comecei a frequentar os saraus eu tinha 18 anos e esse momento foi um marco na minha vida, porque antes disso eu era uma jovem completamente indiferente. Eu comecei a  entender o quanto é necessário ser referencia para uma geração nova de meninas negras que assim como eu, não tinham referencia de outras mulheres. Quando eu comecei a entender o quão importante era ter essa voz ativa, eu percebi que não podia mais me esconder, porque é muito egoísmo da nossa parte ter algo para trocar, para dividir com outras pessoas e guardar só para gente. Eu acredito na poesia como ferramenta de transformação social”, destacou Mel Duarte.
Documentário traz poesias e depoimento de Mel Duarte (foto: Arquivo Pessoal)

Não desiste negra, não desiste!
Ainda que tentem lhe calar,
Por mais que queiram esconder
Corre em tuas veias força yorubá,
Axé! Para que possa prosseguir!
Eles precisam saber, que a mulher negra quer
Casa pra morar
Água pra beber,
Terra pra se alimentar.
Que a mulher negra é
Ancestralidade,
Djembês e atabaques
Que ressoam dos pés.
Que a mulher negra,
tem suas convicções,
Suas imperfeições
Como qualquer outra mulher.
Vejo que nós, negras meninas
Temos olhos de estrelas,
Que por vezes se permitem constelar
O problema é que desde sempre nos tiraram a nobreza
Duvidaram das nossas ciências,
E quem antes atendia pelo pronome alteza
Hoje, pra sobreviver, lhe sobra o cargo de empregada da casa
É preciso lembrar da nossa raiz
semente negra de força matriz que brota em riste!
Mãos calejadas, corpos marcados sim
Mas de quem ainda resiste.
E não desiste negra, não desiste!
Mantenha sua fé onde lhe couber
Seja Espírita, Budista, do Candomblé.
É teu desejo de mudança,
A magia que trás na tua dança,
Que vai lhe manter de pé.
É você, mulher negra! Cujo tratamento majestade é digna!
Livre, que arma seus crespos contra o sistema,
Livre para andar na rua sem sofrer violência
E que se preciso for, levanta arma,
mas antes,
luta com poema.
E não desiste negra, não desiste!
Ainda que tentem lhe oprimir
E acredite, eles não vão parar tão cedo.
Quanto mais você se omitir,
Eles vão continuar a nossa história escrevendo!
Quando olhar para as suas irmãs, veja que todas somos o início:
Mulheres Negras!
Desde os primórdios, desde os princípios
África, mãe de todos!
Repare nos teus traços, indícios
É no teu colo onde tudo principia,
Somos as herdeiras da mudança de um novo ciclo!
E é por isso que eu digo:
Que não desisto!
Que não desisto!
Que não desisto!
[Mel Duarte]

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